Biologia da Paisagem

Folhas típicas das figueiras.

Ficus sp. – figueiras

Outro nome popular: gameleiras;


Origem: Brasil, em todos os estados, e outros países. Como a análise deste artigo é de um gênero inteiro, é natural que a área de abrangência seja ampla, porém cada espécie tem sua própria área de ocorrência, mais restrita. Algumas são exóticas, ou seja, nativas de outros países, especialmente da África, da Ásia e da Oceania, como Índia, Bangladesh, Sri Lanka, Malásia, as ilhas do Pacífico e outros países da região, além do México; 


Família: Moraceae; 


Ecologia: grupo de espécies tropicais a subtropicais, monoicas, dotado de diversas estratégias e nichos ecológicos, com representantes epífitos, hemiepífitos, hemiparasitas, rupícolas e terrícolas, nativos de formações campestres, savânicas e florestais de diferentes densidades dentro de todos os domínios de vegetação brasileiros (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal), inclusive em área antrópica, campos rupestres, matas ciliares e restingas. Têm látex leitoso e translúcido e podem apresentar raízes adventícias amplexicaules. Em ambiente natural, destaca-se pelo porte e pelo comportamento hemiepífito da maioria das espécies, ou seja, começam seu desenvolvimento sobre uma planta hospedeira, emitem raizes que, ao atingirem o solo, espessam-se e podem sufocar a planta sobre a qual se desenvolveu inicialmente. 


É o gênero de Moraceae com maior número de espécies no Brasil, com mais de 100, sendo pouco mais de 20 endêmicas. Algumas apresentam caráter invasor devido à elevada capacidade de colonizar diferentes ambientes, como as hemiepífitas, hemiparasitas e rupícolas, que podem se desenvolver sobre outras árvores (como os famosos “mata-paus”) e em frestas de construções, por exemplo. Neste último caso, as figueiras podem emitir raízes que se deslocam pelo ambiente até onde houver espaço, com potencial de comprometer construções e edificações, como encanamento, muros e casas. 


Há espécies de interesse econômico, como o figo (Ficus cairica). Outras espécies do gênero são o belaque (Ficus lutea), a figueira-de-jardim (Ficus auriculata), a jaquela (Ficus virens), a figueira-religiosa (Ficus religiosa), a figueira-lira (Ficus lyrata) e outras que serão citadas posteriormente; 


Porte: as figueiras são um grupo de plantas lenhosas que apresentam muito elevada plasticidade morfológica e compreendem desde lianas, como a unha-de-gato (Ficus pumila) - que pode ser mantida, sob poda, com poucos centímetros de altura - até árvores monumentais, como a árvore-da-borracha (Ficus elastica), que é uma das mais robustas do planeta. A maioria das espécies, no entanto, são árvores; 


Folhagem: folhas verdes, alternas, espiraladas, de margem inteira, em muitos casos grandes, glabras e brilhantes. Uma curiosidade deste grupo é a presença de estípulas terminais enormes, avermelhadas árvore-da-borracha; 


Floração: inflorescências em sicônios solitários ou em pares, com 1 ou 2 estames nas masculinas e flores femininas utilizadas para oviposição da prole das vespas ou para geração de sementes. Não apresentam relevância ornamental; 


Cuidados: muita atenção caso uma figueira apareça “de repente” em sua casa, suas raizes podem crescer bastante e invadir diversos espaços vazios da sua casa e entorno, como encanamento, frestas de muros e outros. No caso da possibilidade de plantar uma figueira, sempre consulte um profissional para evitar dores de cabeça futuras, já que são inadequadas para diversos espaços e contextos; 


Uso paisagístico: o uso paisagístico para este gênero, dada a alta plasticidade morfológica mencionada, vai depender da espécie, claro, porém como orientação geral pode-se alertar para o enorme porte de algumas espécies arbóreas, inadequado para a grande maioria dos contextos urbanos, e o caráter invasor de outras, que podem comprometer estruturas como encanamento e construções. 

Figueira de porte modesto.

Figueira de porte modesto na avenida Heráclito Mourão de Miranda - BH. 04/11/2021

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