O Parque Nacional da Serra do Cipó (PARNA Cipó) é uma Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral localizada nos municípios de Itabira, Itambé do Mato Dentro, Jaboticatubas, Morro do Pilar, Nova União e Santana do Riacho, na porção sul da Serra do Espinhaço, centro do estado de Minas Gerais. Desde setembro de 1984, data de sua criação, são 31.639,02 hectares de vegetação campestre (inclusive os campos rupestres), savânica e florestal protegidos, dentro dos domínios da Mata Atlântica (1,1%) e, principalmente, do cerrado (98,9%). O perímetro da UC é de 154 km.
Mapa georreferenciado do PARNA Serra do Cipó e a comparação com Belo Horizonte (MG).
Em seu interior, além de morros, campos, matas e savanas, destacam-se diversas nascentes, cachoeiras (Farofa, Capão dos Palmitos, Congonhas e Travessão), poças e piscinas naturais (Circuito das Lagoas) e os rios Cipó, Bocaina ou Palmital, Peixe, Mascote e Preto, todos inseridos nas Regiões Hidrográficas Atlântico Sudeste e São Francisco. Nesses corpos d’água, é possível o banho e a contemplação das belas paisagens formadas pelas quedas e represamento da água, o entorno montanhoso e os afloramentos de pedras. A área é um divisor das bacias do São Francisco e do Rio Doce.
Percorrer o PARNA Cipó, mesmo sem sair do carro, é certeza de encontrar paisagens incríveis de montanhas e mares de morro a perder de vista com vegetação diversificada. As estradas são sinuosas e formam inúmeros mirantes naturais (como o Mirante do Bem), alguns deles sinalizados e oficializados como tal, com estrutura para estacionamento e contemplação. Em 1950, o paisagista Burle Marx deu o título de "Jardim do Brasil" à Serra do Cipó, um motivo a mais para sua preservação.
Bela composição de cores de algumas árvores no PARNA Serra do Cipó durante o inverno. 06/07/2014
PARNA Serra do Cipó e seu relevo montanhoso. 04/08/2018
Área aberta do PARNA Serra do Cipó, com evidente formação de cerrado e montanhas ao fundo. 05/08/2018
Uma das várias nascentes e corpos d'água do PARNA Serra do Cipó, com excelente balneabilidade. 05/08/2018
Mosaico vegetacional do PARNA Serra do Cipó, com vegetação mais aberta nos morros e florestas densas nos vales. 15/11/2022
Em alguns pontos, as florestas também conseguem "subir o morro" no PARNA Serra do Cipó, por vezes entre grandes rochas. 15/11/2022
O clima predominante é o tropical moderado pela altitude, com tempo seco no inverno e chuvas abundantes no verão, período de risco para trombas d’água. Há diferenças climáticas entre as vertentes a leste e a oeste da Serra. Dificilmente faz muito calor ou frio que sejam impeditivos a uma visita agradável e os maiores empecilhos climáticos são o ar seco na segunda metade do inverno e, principalmente, as chuvas entre outubro e abril.
O solo é vermelho, com grande quantidade de afloramentos de rocha (alguns pontiagudos) em topografia altamente acidentada originada com o soerguimento da Cadeia do Espinhaço há centenas de milhões de anos que, eventualmente, formam cânions (Bandeirinhas) e cavernas. A altitude pode variar entre 700 e 1.670 metros (não muito diferente da área da capital) e há grande variedade de rochas-calcárias, quartzitos e granitos.
Tantas especificidades promovem um altíssimo grau de endemismo, um dos maiores do mundo, e com mais de 1.700 espécies já registradas. A fauna também é muito rica, um convite para naturalistas, biólogos e curiosos de diversas áreas do conhecimento.
Juquinha
Um dos destaques do parque é a estátua conhecida como “Juquinha”, construída com ferro, cimento e muita argila em 1987. Com 3 metros de altura por 2,5 metros de largura e um sorriso muito carismático das montanhas das alterosas, ela representa um misterioso morador da região, um ermitão chamado de José Patrício, que morreu em 1983, embora não se saiba sua idade ao certo. Há várias lendas sobre o Juquinha, como a que ele teria morrido várias vezes (o que motivou a alcunha de “imortal”) e a história de que ele foi amamentado por uma loba.
Os moradores locais contam que ele tinha o costume de andar pelas montanhas, às vezes na beira da estrada, sobrevivia de doações de moradores e turistas e gostava de retribuir com buquês de flores silvestres que colhia na Serra do Cipó. Isso é bastante verossímil, tendo em vista a grande presença de flores – muitas ornamentais e vistosas - no cerrado e nos campos rupestres de forma geral. Era um personagem errante muito curioso e conhecido da região, cheio de mistérios e que inspirou a obra da artista plástica Virgínia Ferreira. Além do Juquinha, os tupis-guaranis deixaram marcas de sua presença por meio de sepultamentos encontrados em sítios arqueológicos.
Á área compõe o Mosaico Serra do Cipó e o objetivo de criação do parque é a “preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.”
A visitação pode ocorrer o ano todo. Está localizado a cerca de 100 km de Belo horizonte, de forma que pode ser uma opção de lazer de final de semana para os moradores da capital e região metropolitana. Para orientações, visitar o guia do visitante do ICMBio e o e-mail da UC é parna.serradocipo@icmbio.gov.br.
Literatura:
ESTADO DE MINAS. Serra do Cipó: mistérios e lendas da estátua do Juquinha: a estátua mais famosa de minas é cercada de segredos desde a sua construção, no fim dos anos 1980. A estátua mais famosa de Minas é cercada de segredos desde a sua construção, no fim dos anos 1980. 2023. Elaborada dentro do projeto "SABIA NÃO, UAI!". Disponível em: https://www.em.com.br/gerais/2023/11/6653680-serra-do-cipo-misterios-e-lendas-da-estatua-do-juquinha.html. Acesso em: 31 jan. 2025.