O Brasil apresenta todo o seu território originalmente coberto por vegetação. Mesmo nas áreas mais secas do sertão nordestino, chove o suficiente para permitir a presença de plantas e animais o ano inteiro. Dessa forma, formações florestais, savânicas e campestres estão distribuídas em 6 grandes domínios de vegetação: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampas. Com exceção deste último, todos são tipicamente tropicais ou mesmo equatoriais, como a Amazônia.
Cada um destes domínios apresenta riqueza, composição e abundância de espécies (animais e vegetais) próprios, além de condições geológicas e climáticas semelhantes que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem.
Mapa com a distribuição dos domínios de vegetação do Brasil.
Amazônia
O domínio da Amazônia abriga 20% da disponibilidade mundial de água, a maior floresta tropical e a maior diversidade biológica do planeta, distribuída em vegetação predominantemente florestal densa e sempre verde, formada por árvores altas que formam dossel contínuo. As florestas podem estar sempre alagadas, podem permanecer alagadas em parte do ano ou podem ser de terra firme. Há, ainda, pequenos trechos com vegetação de savana chamada de campinarana. Está associado a climas equatoriais muito quentes e úmidos, com elevada precipitação na maior parte do ano, condição que favorece cursos d’água muito extensos e caudalosos, como os rios Solimões, Negro e Amazonas, e elevadíssima biodiversidade. Está presente em toda a regão norte do Brasil (exceto o estado do Tocantins), além do oeste do Maranhão e do norte e oeste de Mato Grosso.
Toda a divisa sul do bioma, junto dos estados de Rondônia, Mato Grosso e Pará, tem sido sistematicamente ameaçada por atividades agropecuárias e sofre com incêndios florestais criminosos durante a estação seca. Cientistas alertam que a derrubada da floresta pode trazer impactos no clima da América do Sul, que se somam aos efeitos das mudanças climáticas globais. Originalmente, a Amazônia ocupava quase a metade do território brasileiro mas, atualmente, perdeu cerca de 20% de sua área.
Cerrado
O domínio do Cerrado é considerado a savana mais biodiversa do planeta, formado por vegetação, em geral, savânica, com grande riqueza e abundância de gramíneas e arbustos entre bosques de árvores mais ou menos esparsas. Uma de suas principais características é a elevada variação fitofisionômica: o bioma também apresenta áreas significativas de campos e de florestas. Assim como a Mata Atlântica, apresenta elevada variação latitudinal e praticamente “corta” o Brasil ao meio, desde o norte do Maranhão até o Mato Grosso do Sul, aprofundando-se pela metade oeste de Minas Gerais, trechos do estado de São Paulo e a metade leste de Mato Grosso.
O clima é tropical, seco durante o inverno e chuvoso durante o verão, porém há importantes diferenças entre o norte, sempre quente, e o sul do domínio, um pouco mais ameno e sujeito a ondas de frio no inverno. Entre Minas Gerais, Bahia e Goiás, campos rupestres surgem nas montanhas acima de 900 m de altitude.
Até a década de 1950, ocupava 24% do território brasileiro mas, nos dias atuais, esse percentual caiu para cerca de 12%, especialmente após a transferência da capital federal para Brasília, quando houve maior ocupação do Centro-oeste e avanço da pecuária e da agricultura intensiva na região.
Caatinga
O domínio da Caatinga é composto por vegetação predominantemente savânica, com presença de campos e florestas deciduais, que perdem quase que completamente as folhas durante as longas estiagens sazonais. A principal diferença deste domínio de vegetação para o Cerrado é a maior presença de plantas xerófitas, principalmente as cactáceas, e as temporadas de chuva mais curtas e irregulares. No Cerrado, chove de forma frequente por 6 a 7 meses no ano, enquanto na Caatinga o período de chuva é menor (1 a 5 meses) e com maiores períodos de veranico dentro dele. O clima é tropical semi-árido, muito quente ao longo do ano. Estende-se desde o litoral norte nordestino (PI até RN) até o extremo norte de Minas Gerais, ocupando todo o interior da região Nordeste. Algumas das espécies clássicas deste bioma são os umbuzeiros e o xique-xique.
Originalmente, ocupava 10% do território nacional mas, atualmente, cerca de 40% já foi alterado devido ao desmatamento, às queimadas e à agricultura. É neste bioma que têm-se observado, recentemente, o surgimento da primeira porção árida em território brasileiro.
Pantanal
O domínio do Pantanal é caracterizado por vegetação predominantemente savânica com amplas áreas alagáveis, especialmente entre a Estação Ecológica de Taiamã e o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense. É a maior planície de inundação contínua do Planeta Terra, fator decisivo na sua diferenciação para os demais domínios de vegetação do Brasil. O clima é tropical, marcado pela alternância de estações secas e chuvosas e pelas temperaturas elevadas ao longo do ano, embora ondas de frio ocorram periodicamente nos meses de outono e inverno.
Ocupa área equivalente a 2% do Brasil e é considerado o mais preservado de todos. No entanto, recentemente, tem sido uma das áreas mais assoladas por incêndios florestais no Brasil durante a estação seca, quando ondas de calor severas atingem a região ao redor do mês de setembro.
Mata Atlântica
O domínio da Mata Atlântica é formado por vegetação predominantemente florestal e estende-se por ampla faixa latitudinal do leste do Brasil, desde o norte do leste do Nordeste (RN) até o RS. No sul da Bahia e nas regiões Sudeste e Sul, aprofunda-se mais pelo interior do continente do que no Nordeste, onde a faixa florestal é estreita, entre o agreste e o oceano Altântico. Dessa forma, florestas desse domínio estão presentes em todo o leste e sul de Minas Gerais, tendo a Região Metropolitana de Belo Horizonte como uma de suas fronteiras oeste, além de quase todo o estado de São Paulo, sudeste de Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e metade norte do Rio Grande do Sul.
O clima predominante é tropical úmido, com estação seca de inverno melhor marcada no interior da região Sudeste e no eixo entre o Paraná e o Mato Grosso do Sul, motivo pelo qual, nestes pontos, a floresta é mais aberta (semidecidual). A metade sul do domínio está sujeita a quedas significativas de temperatura durante o inverno, especialmente no Sul do Brasil, onde o clima já é subtropical e Matas de Araucárias já são frequentes. Campos rupestres podem ocorrer nos topos de algumas montanhas, principalmente em Minas Gerais.
Originalmente, ocupava cerca de 13% do território brasileiro, porém a grande maioria das florestas deste domínio já foram derrubadas e, atualmente, apenas trechos, conservados em parques ou não, permanecem vegetados, compondo menos de 30% do que havia antigamente. É o bioma mais ameaçado do país.
Pampas
O domínio dos Pampas, também chamado de pradarias, é formado por vegetação predominantemente campestre. É o único localizado inteiramente em área de clima subtropical no Brasil, marcado por maior variação de temperatura entre o verão e o inverno e por chuvas bem distribuídas ao longo do ano devido à frequente entrada de frentes frias. Pode fazer muito calor durante o verão, com pouca chuva, porém o inverno é frio e sujeito a geadas, o que interfere sobremaneira na composição florística local. Os pampas destacam-se, no Brasil, por uma composição de espécies da flora diferente dos outros domínios de vegetação do país. Está presente em boa parte do Rio Grande do Sul, especialmente a metade sul do estado.
Junto com o Pantanal, é o menor bioma brasileiro, ocupando originalmente apenas 2% da área territorial do país. Atualmente, extensas áreas dos pampas são utilizadas como pastagem natural ou ocupadas com atividades agrícolas, como o cultivo do arroz.
Literatura de apoio: Biomas brasileiros - IBGE.