Biologia da Paisagem

Quem tem o costume de se exercitar ou sair para passear na orla da Lagoa da Pampulha, com certeza, já reparou na presença de uma curiosa ilhota, visível de vários pontos da represa. É a chamada “Ilha dos Amores", pequeno trecho de terra firme bem vegetado no meio da massa de água, com cerca de 80 x 110 m de comprimento e 8100 m² ou 0,81 ha de área.

A Ilha dos Amores é uma ilha artificial localizada dentro da Lagoa da Pampulha, formada naturalmente após o represamento do Ribeirão Pampulha (córrego do Onça) em 1938. Recebeu este nome por se tratar de um lugar idílico, intimista e recolhido, que só podia ser acessado de bote. A ideia inicial, durante os mandatos de Otacílio Negrão de Lima e Juscelino Kubitschek, era que o local recebesse passeios turísticos e até a criação de um jardim projetado pelo paisagista Roberto Burle Marx, além de um clube de esportes náuticos e um restaurante.

Na verdade, há evidências de que o projeto paisagístico de Marx chegou a ser executado - segundo relatos, há uma placa de bronze perdida no meio da vegetação da ilha, onde estaria escrito “Ilha dos Amores”. A presença de árvores típicas da arborização urbana de Belo Horizonte (dentre aquelas identificáveis a distância), como a cássia-rosa (Cassia grandis), o flamboyant (Delonix regia), o jerivá (Syagrus romanzoffiana, uma palmeira), a sapucaia (Lecythris pisonis) e a paineira (Ceiba speciosa), que muito dificilmente estariam juntas ao acaso no local, revela que houve, no mínimo, um planejamento.

No entanto, com o passar do tempo, a ilha acabou perdendo as características paisagísticas que a vinculavam às demais obras do Conjunto Moderno da Pampulha. Atualmente, devido à poluição da lagoa e ausência de manutenção, tornou-se uma verdadeira floresta, refúgio de diversos animais silvestres, como aves, sapos, mamíferos e répteis, inclusive para reprodução - o que pode, também, ter motivado seu nome popular.