O Monumento Natural Estadual (MONAE) Pico do Ibituruna é uma Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral localizada no município de Governador Valadares, leste de Minas Gerais. O motivo de sua existência é o pico do Ibituruna, formação rochosa símbolo da cidade e que é visto de vários pontos do município. O nome “Ibituruna” refere-se a Serra negra ou Nuvem Negra e significa árvore alta e frondosa. O objetivo de criação da unidade é “Proteger a biodiversidade local, recursos hídricos, atrativos cênicos e o Pico da Ibituruna”.
Além de ser uma UC pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), é tombado como Patrimônio Paisagístico Estadual pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA), o que confere dupla proteção ao local. As condições geográficas possibilitaram a ocupação da região de Governador Valadares, seja pelo Pico como marco referencial seja pelo rio Doce como ligação ao litoral do Espírito Santo. O tombamento estadual do Pico do Ibituruna e sua declaração como monumento natural foram instituídos em 1989, antes do processo realizado pelo IEF, em 1998. É fundamental explicitar aqui que, embora a área tenha sido criada em 1989, somente 25 anos depois, em 2014, foi regulamentada, de forma que ambas as datas aparecem na origem da UC.
A vegetação da unidade é predominantemente florestal, com grandes bosques de matas deciduais próximos da base do pico, parte já inseridos no Parque Natural Municipal Emiliana Marques (Dona Sinhá), que perdem quase que completamente as folhas durante o inverno e trazem um aspecto bastante seco à região durante a estiagem sazonal de inverno. Há, também, bosques significativos de florestas estacionais semideciduais, que mantém-se verdes mesmo no auge da estiagem. Na verdade, pelo observado no final de agosto de 2024, estas formações são até mais fechadas e menos deciduais que as florestas observadas na região da RMBH, por exemplo.
Há embaúbas prateadas ao longo destas florestas, observadas como "pintas" brancas ao longo do dossel verde. São matas fechadas, a expressão da mata atlântica, mesmo próximo do alto do pico ou no topo dele, o que é surpreendente, dado que em outros pontos de Minas Gerais os topos de morro são dominados pelos campos rupestres, devido ao solo mais raso e pedregoso.
Em alguns pontos, especialmente próximo da base, há vegetação ruderal, como mamonas e leucenas, além de bosques de bambuzais e de eucaliptos, estes últimos ora predominantes ora misturados na Mata Atlântica. Essa situação não é surpreendente, tendo em vista que o MONAE ocorre em um contexto de áreas particulares, com antropização leve, estradas pavimentadas (que facilitam muito o acesso de carro), vila, algumas fazendas, casas e pousadas isoladas, restaurantes, açudes e eventual criação de gado.
Por ser uma grande elevação em meio a uma planície baixa, grandes penhascos e quedas abruptas ocorrem ao longo do pico, que têm estradas muito sinuosas. Do alto, é possível observar o sempre caudaloso Rio Doce, que acompanha a base da Unidade de Conservação, e os mares de morros de Minas Gerais.
A UC, ainda, é uma referência para os praticantes de Vôo Livre, sendo considerada uma Plataforma Natural Mundial de Vôo Livre (Rampa Eduardo Magalhães), devido a sua altitude de 1123 m, muito contrastante com a baixa elevação ao redor, que pouco ultrapassa dos 190 m (o que gera um desnível de aproximadamente 860 m). Por esse motivo, Governador Valadares é conhecida como uma "Capital Mundial do Vôo Livre".
O acesso ao pico é muito facilitado pela estrada pavimentada e bem conservada, podendo ser feito de carro particular, moto ou ônibus público, este último acessado pelo deck da praça. Para os mais animados, dá para subir de bike ou a pé também.
Literatura de apoio: https://www.iepha.mg.gov.br/index.php/programas-e-acoes/patrimonio-cultural-protegido/bens-tombados/details/1/79/bens-tombados-pico-do-ibituruna