Biologia da Paisagem

Maciço de bromélias.

Bromélias, um resumo

Origem: Américas, principalmente o Brasil. Uma única espécie é nativa do oeste da África; 


Família: Bromeliaceae; 


Ecologia: grande grupo de plantas tropicais a subtropicais, herbáceas, muito fáceis de identificar pelo público leigo em função do seu formato particular de taça. Podem crescer tanto em ambientes secos e pedregosos quanto em florestas densas e úmidas, diretamente do solo (terrícolas), sobre pedras (rupícolas) ou sobre troncos (epífitas), ou seja, crescem em diversos tipos de substratos e apresentam vários nichos ecológicos, conforme a espécie. Geralmente, são acaules, rizomatosas e sustentadas por raízes absorventes ou apenas fixadoras. Seu exemplar mais conhecido e apreciado é o abacaxi, embora a aplicação paisagística do grupo seja notável em diversos gêneros, como Aechmea, Alcantarea, Billbergia, Guzmania, Neoregelia, Pitcairnia, Tillandsia e Vriesea. 


Formam uma família monofilética, ou seja, seus integrantes (as bromélias) têm todos um mesmo ancestral comum. Apesar da boa consolidação da família, a delimitação de alguns gêneros segue em aberto. É altamente diversa, com cerca de 3.650 espécies distribuídas em 60 gêneros. Algo muito interessante desta família é que, mesmo diante de tanta diversidade, somente uma única espécie, a bromélia-africana (Pitcairnia feliciana) não é nativa do continente americano. Fica o questionamento: por que e como esta única espécie conseguiu colonizar o oeste africano mesmo com o Oceano separando a região de seu centro de distribuição (América)? 


O Brasil é o país com a maior riqueza de espécies do grupo, com 1300 espécies distribuídas em 50 gêneros, especialmente nos domínios da Mata Atlântica e do Cerrado, mas também nos demais (Amazônia, Caatinga, Pampa e Pantanal), nas mais diversas fitofisionomias, desde campos, savanas até florestas de diversas densidades, com destaque para os campos rupestres e florestas úmidas. São uma das principais famílias de epífitas da Mata Atlântica e o tanque acumulador de água presente em algumas espécies favorece o suprimento hídrico para as que vivem sobre troncos e entre blocos rochosos. São particularmente comuns nos inselbergs, entre os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, no estrato herbáceo de florestas de restingas, além de apresentarem ocorrência frequente nas caatingas e nos campos rupestres. 

Bromélia no Parque Estadual Serra do Rola Moça.

Bromélia no Parque Estadual Serra do Rola Moça. 12/04/2024

Bromélias em seu habitat natural.

Bromélias em seu habitat natural, sobre árvores em área florestal do  Parque Estadual do Ibitipoca. 29/01/2022

Maciço de bromélias.

Maciço de bromélias presente na entrada do Parque Municipal Ursulina de Melo Andrade - Castelo - BH. 19/05/2024

A extração ilegal (causada, entre outros motivos, pelo próprio valor estético dos indivíduos) e a perda ou fragmentação de habitats têm causado declínio populacional e as bromélias são a segunda família com maior número de táxons ameaçados de extinção no Brasil, sendo a primeira em número de espécies dentro da categoria mais elevada (criticamente em perigo). Tais dados mostram a importância das Unidades de Conservação localizadas em áreas estratégicas de colonização deste grupo, de forma a conservar a diversidade de bromélias no Brasil. 


Para os mais curiosos e aprofundados no assunto, as subfamílias tradicionalmente consideradas são Pitcairnioideae, Tillandsioideae e Bromelioideae. Atualmente, há mais 5 subfmílias consideradas: Brocchinioideae, Hechtioideae, Lindmanioideae, Navioideae e Puyoideae. 

Porte: enorme grupo de espécies herbáceas, normalmente com até 1 m de altura, sem considerar a inflorescência; 


Folhagem: as folhas, a parte mais ornamental da espécie e responsável por boa parte de seu enorme apelo paisagístico, são alternas-espiraladas, rosuladas ou mais raramente alternas-dísticas, paralelinérveas, em diversas cores: verde-claro, verde-escuro, verde-azulado, cinza, alaranjado, avermelhado, vermelho-escuro, com ou sem listras. Em algumas espécies, podem formar densas rosetas e se dispor de forma a gerar um tanque acumulador de água (chamado de fitotelma). Normalmente, são recobertas por tricomas e, muitas vezes, têm espinhos. A bainha pode ser ampla ou discreta. 


Floração: inflorescências simples ou compostas, quase sempre terminais, sustentadas por pedúnculos longos ou muito pequenos (quase sésseis), cujas brácteas geralmente são vistosas e coloridas, até em tons róseos bem intensos - contribuem para o valor ornamental da planta. As brácteas das flores têm formas e texturas muito variadas, podem ser vistosas ou não e podem apresentar espinhos. Podem ser densas ou formadas por poucas flores (raramente com flores solitárias), pouco a muito ramificadas. 


As flores são trímeras, geralmente vistosas e com variadas combinações de coloração, sésseis ou pediceladas, geralmente bissexuadas, formadas por sépalas e pétalas de diversos formatos, com ou sem indumento. Apresentam 6 estames, que podem estar livres ou unidos entre si ou às pétalas; 


Frutificação: bagas ou cápsulas com sementes em geral numerosas. Podem formar sincarpos, como é o caso do gênero Ananas sp. (abacaxi); 


Uso paisagístico: as bromélias apresentam extensa e variada aplicação paisagística e isso vai variar conforme a espécie. São comumente utilizadas na formação de longos maciços, tanto em áreas abertas como semi-sombreadas, mas também em espaços menores, como canteiros, pequenos jardins, vasos e jardineiras, em baixa quantidade, como forma de trazer volumetria diferente às composições. Seu amplo espectro de nicho ecológico na natureza se reflete em uma enorme variação de seu uso paisagístico, podendo ser utilizadas em jardins verticais, jardins tropicais, jardins rupestres, sobre árvores como forma de aprimorar detalhes, entre rochas e nos mais variados contextos, de acordo com a criatividade do projetista. 

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