Biologia da Paisagem

O que são microflorestas urbanas?

Microflorestas urbanas são aglomerados de árvores mais densos que a arborização urbana convencional, que criam um pequeno ecossistema altamente florestal em espaço curto, da ordem de grandeza de um ou poucos quarteirões, por exemplo, em rotatórias, canteiros centrais e áreas remanescentes das obras públicas. Esta técnica tem se popularizado ao redor do mundo.

Em 2022, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) realizou a implantação de microflorestas no entorno da Estação Pampulha, na avenida Pedro I, com mais de 800 mudas produzidas no Jardim Botânico de BH - administrado pela Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB). Outro exemplo é uma floresta compacta de 1420 m² no entorno da Caixa de Captação da avenida Vilarinho. O distanciamento observado das mudas é pouco superior a 1 m entre uma e outra, valor muito inferior ao da arborização urbana convencional e inferior até mesmo ao padrão de reflorestamento em áreas naturais.

Para a obtenção de um ambiente florestal rico e denso, deve-se, inicialmente, preparar o solo com nutrientes e um mix de árvores nativas, considerando as condições de luz, de  umidade, de tipo de solo, o espaçamento mínimo necessário entre as mudas e o porte da árvore. Entre as principais espécies utilizadas nos plantios mencionados estão o alecrim-de-campinas, araçá, aroeira-salsa, ipê-rosado, ipê-roxo, ipê-branco, ipê-amarelo, cedrinho, eritrina, pau-brasil, pitangueira, sibipiruna e oiti. Conforme publicação da PBH (2023), “a proposta é criar a conectividade entre áreas verdes urbanas já existentes e futuras, por meio de corredores verdes, em sintonia com os contextos culturais dos bairros e locais.”

A elevada quantidade de árvores promove um ambiente mais favorável ao desenvolvimento de todas elas, especialmente as presentes no meio do aglomerado, já que cria um interior protegido contra os efeitos de borda de fragmentos florestais. Na prática, todas as árvores plantadas em ambiente urbano sofrem todos efeitos de borda mas, nas microflorestas, é possível desenvolver um ambiente diferenciado para as árvores do interior do fragmento, que ficam protegidas pelas árvores das bordas. Dessa forma, uma maior quantidade de indivíduos ficam em local de microclima mais sombreado, úmido e fresco, crescem mais e têm maior probabilidade de envelhecer com saúde.

Apesar de limitado, esses ambientes têm potencial de criar microecossistemas diferenciados no meio da cidade, semelhantes ao dos parques urbanos e, em maior número, tendem a melhorar de forma geral a qualidade de vida urbana. Podem ser considerados caminhos e sumidouros para a biodiversidade urbana, inclusive animais não desejados (ex.: ratos, baratas, gambás, etc), como “bolhas de resiliência” da natureza. Outros benefícios são:

  • regulação microclimática;

  • melhoria na qualidade do ar;

  • contribuição para retenção de águas da chuva;

  • proteção do solo;

  • preservação da biodiversidade - manejo e criação de opções de habitats para a biodiversidade urbana, especialmente os pássaros;

  • proteção de microbacias;

  • redução da poluição sonora;

  • sequestro de carbono, ou seja, sua exclusão da atmosfera e transformação em oxigênio;

  • mitigação do aquecimento global e das mudanças climáticas;

  • criação de espaços mais agradáveis para a população.

Microfloresta implantada pela PBH.

Microfloresta implantada pela Prefeitura de Belo Horizonte (MG) no 1º semestre de 2023 ao lado da Estação Pampulha - Pedro I, BH. Foto em 20/11/2023.

Microfloresta

Um pouco acima da Estação Pampulha, outra microfloresta. 20/11/2023.

Detalhe da microfloresta, com uma enorme quantidade de mudas plantadas muito próximas umas das outras.

Detalhe da microfloresta, com uma enorme quantidade de mudas plantadas muito próximas umas das outras.

É importante considerar que esses espaços podem ser alvo de trabalhos de educação ambiental e geram resíduos que demandarão maior manutenção nas áreas em que forem implantadas. 

Deixe um comentário