Biologia da Paisagem

Campo florido com acuçenas-da-canastra.

Parque Nacional da Serra da Canastra

O Parque Nacional da Serra da Canastra (PNSC) é uma Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral localizada nos municípios de São Roque de Minas, Capitólio, Vargem Bonita, São João Batista do Glória, Delfinópolis e Sacramento, no estado de Minas Gerais, próximo ao triângulo mineiro. Desde 1972, ano de sua criação (Decreto nº 70.355), são pouco mais de 197.000 hectares de vegetação preservados, integralmente dentro do domínio do Cerrado, de forma que é um importante instrumento de proteção deste bioma. O órgão gestor é o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

A fitofisionomia predominante é a campestre, seja campos limpos, sujos ou rupestres, que formam uma verdadeira pastagem natural a se perder de vista. Formações savânicas de diferentes densidades aparecem periodicamente como forma de quebrar a “monotonia” dos “campos infinitos” e as florestas concentram-se em pequenos capões e nas matas de galeria. É um parque bastante aberto e iluminado, com um elevado predomínio de gramíneas e árvores baixas.

Área campestre do PNSC.

Área campestre (campo limpo) do PNSC, com poucas árvores baixas.

Mata de galeria.

Área campestre (Mata de galeria ao longo do Rio São Francisco, no PNSC.campo limpo) do PNSC, com poucas árvores baixas.

Cerrado típico no PNSC.

Cerrado típico no PNSC, com formação savânica marcada por muitas árvores baixas e retorcidas.

Área de campo limpo.

Área de campo limpo no PNSC. O aspecto seco ocorre devido à época da foto (setembro 2023), ápice da estiagem na região.

Um dos destaques do parque é a nascente da bacia do rio São Francisco, do tipo difusa (surge a partir do lento escoamento da água infiltrada e retida nas rochas e no solo). Este rio é um dos mais importantes do Brasil, uma vez que tem relevância incalculável e histórica no abastecimento do semiárido nordestino. Outras bacias importantes que nascem no parque são as dos rios Araguari e Santo Antônio. Além da bacia do rio São Francisco, está situado na bacia do rio Grande e do rio Paranaíba.

Nascente do Rio São Francisco.

Nascente histórica do Rio São Francisco no PNSC.

“Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz;

onde haja ódio, consenti que eu semeie amor;

perdão onde haja injúria; fé onde haja dúvida;

verdade onde haja mentira;

esperança onde haja desespero;

luz onde haja treva; união onde haja discórdia;

alegria onde haja tristeza;


Divino Mestre fazei que eu não procure

tanto ser consolado quanto consolar;

ser compreendido quanto compreender;

ser amado quanto amar.

Porque é dando que recebemos;

perdoando que somos perdoados;

morrendo é que nascemos para a Vida Eterna.”

Prece de São Francisco de Assis


O relevo é relativamente plano, com ondulações bem mais suaves do que as observadas na RMBH, exceto pelo paredão da Canastra, onde há uma alteração abrupta de altitude. De forma geral, há alternância de planaltos e vales, os primeiros são os chapadões (chapadão da Canastra, do Diamante e da Babilônia) e os segundos são recortados pelas drenagens dos rios que nascem morro acima, como o Vão dos Cândidos, o Vão da Babilônia, o Vale dos Canteiros e o Vale da Gurita.

Quanto à fauna, o destaque é o pato-mergulhão (Mergus octosetaceus), especialmente protegido na região, já que é criticamente ameaçado de extinção e a maior parte de sua população em vida livre habita a região da serra da canastra. De acordo com o ICMBio (2023), outras espécies presentes no parque são as seguintes (várias ameaçadas de extinção):

Veado-campeiro.

Veado-campeiro em área campestre do PNSC.

  • Águia-chilena (Geranoateus melanoleucus; 

  • Águia-cinzenta (Urubitinga coronata) - pode chegar a 85 cm de altura e 2 m de envergadura;

  • Anhuma (Anhuma cornuta);

  • Campainha-azul (Porphyrospiza caerulescens);

  • Codorna-buraqueira (Nothura minor);

  • Galito (Alectrurus tricolor);

  • Gato-do-mato (Leopardus tigrinus);

  • Gato-maracajá (Leopardus pardalis mitis);

  • Gato-palheiro (Leopardus colocolo);

  • Inhambu-carapé (Taoniscus nanus);

  • Inhambu-chororó (Crypturellus parvirostris);

  • Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus);

  • Mocho-dos-banhados (Asio flmmeus) - coruja de hábitos diurnos, é vista voando baixo ou sobre arbustos, mourões de cercas ou no solo;

  • Papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea);

  • Perereca-de-folhagem-com-perna-reticulada (Phyllomedusa ayeaye);

  • Tatu-canastra (Priodontes maximus);

  • Tatu-de-rabo-mole (Cabassous unicinctus);

  • Tico-tico-do-mato ou tico-tico-de-máscara-negra (Coryphaspiza melanotis);

  • Onça-parda (Puma concolor capricornensis);

  • Soldadinho (Antilophia galeata);

  • Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla);

  • Urubu-rei (Sarcohampus papa) - o maior e mais colorido urubu brasileiro;

  • Veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus) - espécie típica de áreas abertas do Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina, como o cerrado brasileiro, porém suas populações apresentam-se isoladas geograficamente, devido à drástica redução de seu habitat.


     O PNSC situa-se na região produtora do famoso e tradicionalíssimo “queijo canastra”, onde é produzido há mais de 200 anos em sítios e fazendas da região. O produto é tombado e considerado Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), um sabor e aroma a mais para deixar a visita à unidade ainda mais prazerosa.

Beleza cênica

      O PNSC apresenta paisagens fantásticas, um grande serviço ecossistêmico propulsor de turismo e renda para os moradores locais. Tudo isso em meio a um imenso patrimônio biológico e natural, de valor incalculável, como a nascente do rio São Francisco, a Cachoeira da Casca D'anta (a 1ª do rio São Francisco, com 186 m), diversas piscinas naturais, a cachoeira dos Rolinhos, da Rasga Canga e a cachoeira do Fundão. Entre outros atrativos turísticos, pode-se citar o Curral de Pedras, a Garagem de Pedras, a Trilha do Cerrado (2300 m) e as Ruínas da Fazenda Zagaia.

Piscina natural.

Uma das muitas piscinas naturais ou poços do PNSC.

Cachoeira Casca d'Anta, a primeira queda d'água do Rio São Francisco.

Cachoeira Casca d'Anta, a primeira queda d'água do Rio São Francisco.

“O contato entre as serras e os vales se dá de forma abrupta, formando bordas escarpadas arquitetando paredões de rocha de onde desaguam excepcionais cachoeiras de águas cristalinas, algumas delas com mais de 180 metros de queda livre” (ICMBIO, 2023).

Ao lado do Parque funciona uma outra UC, de caráter privado, chamada RPPN Cachoeira do Cerradão, com entrada cobrada para cachoeiras e trilhas ecológicas. O PESC funciona todos os dias, de 8 às 18 horas, sendo que a entrada é permitida até às 16 horas. O melhor período para visitação é entre o outono e o inverno, quando as chuvas são escassas ou esporádicas, especialmente entre os meses de maio e agosto, que têm temperaturas diurnas amenas e bastante apropriadas para passeios ao ar livre. Nesse período, porém, pode fazer frio de manhã e à noite.

          Para mais informações, entrar em contato com a sede administrativa do Parque, em São Roque de Minas ou pelo e-mail: parnacanastra@icmbio.gov.br.

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