Jardins japoneses são composições paisagísticas orientais que têm por conceitos básicos a filosofia zen-budista e a imitação da natureza, por meio do uso artístico de diversos elementos naturais ou construídos pelo homem, como plantas de portes diversos, pedras, areia, colinas artificiais, ilhas, lagos, lagoas, água corrente e templos, muitas vezes em escala reduzida. São parte de uma cultura conhecida por sua sabedoria milenar e inspiram sentimentos como naturalidade, serenidade, assimetria e simplicidade. Os primeiros jardins eram imitações de cenários marítimos que contavam com grandes lagos e pequenas ilhas contornadas pelo “litoral”.
São divididos em Tsukiyama (jardim de colina), composto por colinas e lagos – ideal para espaços amplos – e Hiraniwa (jardim plano) - sem lagos ou colinas – ideal para espaços menores. Tais composições frequentemente apresentam representantes diversos do reino vegetal, como musgos, gramados e outras herbáceas, arbustos topiados em formato arredondado e harmonioso, densos aglomerados de árvores - himorogi (cobertura divina) e fossos e córregos, conhecidos por cercar solo sagrado - mizugaki (cercas de água). Entre as árvores mais utilizadas, estão o pinheiro-negro (Kuromatsu), a cerejeira (Sakura), o ácer (Momiji), além da azaleia (Tsutsuji) e do bambu (Take). Em Belo Horizonte, são bastante comuns a azaleia e os bambus e há bosques de cerejeiras em pontos específicos da cidade.
Os elementos nos jardins japoneses são dispostos de forma a promover:
Há diversas vertentes de jardins japoneses, como Shinden-zukuri, Jodo, Séquito Zen, karesansui, Jardim do Chá e Jardins ao Estilo Kaiyu. Alguns, como os jardins karesansui, podem apresentar abstração extrema, com grande presença de areias e rochas e baixo número de plantas, como pedras de formatos estranhos colocados em uma cama de cascalho branco.
Além de um portal de entrada (Tori), esses espaços são constituídos por lanternas de pedra e de madeira (torôs), pontes (Taiko Bashi) e a Casa de chá (Sukiya), onde ocorre a Cerimônia do chá (Chanoyu) - arte de servir e beber o “matcha”, um chá verde, rito em que “a delicadeza dos gestos fala mais que mil palavras”.
A espiritualidade (silenciosa) permeia as composições, em que as pedras e a forma em que são agrupadas são especialmente importantes, uma vez que acreditava-se na presença de deuses junto a espaços cercados por pedras - amatsu iwasaka (barreira celestial) ou amatsu iwakura (assento celestial).
Símbolos:
O uso paisagístico deste tipo de composição deve priorizar a sensação de paz e tranquilidade, como é descrito no Salmo 23, da Bíblia, a partir do 2º versículo: “Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas tranquilas. Restitui a minha alma”. A casa do chá e a cerimônia do chá já introduzem esta ideia de baixa velocidade. Além de terapêutico, é também um local para descanso e receber pessoas queridas num contexto familiar, amistoso e fraternal.
Nesta perspectiva, é adequado tanto para localidades naturalmente serenas, como cidades pequenas e sítios, como também em grandes centros urbanos, neste caso com a perspectiva de tornar-se um ambiente de aconchego e silêncio em meio à turbulência típica das metrópoles, como um oásis, para recuperar o fôlego após um dia de trabalho.
O Jardim Japonês da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZoo) de Belo Horizonte é uma área de 5.000 m² resultado de uma parceria entre a Prefeitura de Belo Horizonte e a Associação Mineira de Cultura Nipo-Brasileira, amizade entre o povo oriental e o brasileiro. Entendido como um “cartão de visitas” para quem chega ao Zoológico da cidade pela portaria principal, está inserido em uma das maiores áreas verdes da cidade e bem no meio da área metropolitana da capital. Projeto do paisagista Haruho Ieda, apresenta, junto das árvores tipicamente orientais e japonesas, outras da flora brasileira, como o mogno e o jacarandá.

Jardim japonês presente no Zoológico de Belo Horizonte. 07/09/2022