Biologia da Paisagem

Resina semelhante a âmbar.

Âmbar, a resina fóssil

Âmbar são gemas de origem vegetal formadas a partir de pinheiros da espécie Pinus succinites há 30 milhões de anos, provavelmente devido à produção excessiva de resinas em reposta a um aumento de temperatura ambiente. Diferente de várias outras gemas, não são consideradas pedras preciosas por causa da origem não mineral. Como exemplo de outras gemas orgânicas, pode-se citar o coral, a pérola natural, a pérola cultivada, a madrepérola e o marfim, além de algumas outras menos conhecidas, porém o âmbar é a única de origem antiga.  


São encontrados, principalmente, na Alemanha, Rússia e a Itália, especialmente nas jazidas em Sambia (Kaliningrado), a grande maioria na região do mar Báltico. Nunca foram encontrados no Brasil, já que dependiam daquela espécie de pinheiro em particular. São muito utilizados em objetos ornamentais, lapidados ou polidos, e podem ser imitados por plásticos e vidros. Na Idade da Pedra, eram objetos de adoração, com propriedades sobrenaturais, e podem, ainda, ser agentes de superstição contra o mau-olhado e a tosse. Também há mitos e lendas sobre a formação do âmbar, como na mitologia romana, em que seria as lágrimas de mulheres que teriam se tornado árvores (no caso, a Pinus succinites). Foi usado em cruzes e rosários, em obras de arte e já foi proibido. 


Apresentam composição variável, em média C10H16O, em uma mistura de várias resinas solúveis em álcool, éter e cloro com uma outra substância insolúvel e betuminosa. Formam blocos arredondados que podem ser grandes - até o tamanho aproximado de uma melancia - e chegar a ter mais de 10 kg. A maior peça conhecida dessa gema é o Âmbar Birmânia, que tem 15,2 kg e está no Museu de História Natural de Londres e a peça mais antiga que se conhece é um prato encontrado em um acampamento de caçadores de renas, perto de Hamburgo, na Alemanha. No Museu de Ciências Naturais de Berlim, há uma peça de 9,8 kg e 47 cm de comprimento.  


Em seu interior, além de restos de vegetais, bolhas de ar e pirita, podem estar presentes fósseis de insetos (86,7%), de aracnídeos (11%) ou de outros pequenos animais da época em que se formou, seja devido à característica muito pegajosa da resina ou pelo englobamento após mortos. Constitui-se, assim, num repositório paleontológico de grande valor científico, sendo uma das formas de fossilização conhecidas – motivo pelo qual são apelidados de “cápsula do tempo”. Cerca de três mil espécies animais já foram encontradas fossilizadas no âmbar, das quais 85% são espécies já extintas. A fossilização por âmbar pode preservar tecidos vivos dos animais, o que é raríssimo na natureza.  


São amorfos, sem estrutura cristalina como as gemas minerais, transparentes a semitranslúcidos e sécteis (podem ser cortados em lascas), apresentam fluorescência branco-azulada ou amarelo-esverdeada e brilho resinoso e são leves e pouco densos, a ponto de flutuarem em água salgada. Sua cor mais comum (70%) é a amarela, podendo ser marrom-escura, marrom-esverdeada, marrom-avermelhada, azulada, cinza, preta, vermelha ou branca. As cores vermelha, branca e verde são muito raras, e a azul é a mais rara e valiosa de todas. Pode haver mais de uma cor ou vários tons na mesma peça e a cor pode ser melhorada por cozimento em azeite de semente de nabo. 

Começa a amolecer a 150º C e se funde a 250º C, portanto é sempre dura e rígida sob condições ambientais naturais. Acima de 300°, decompõe-se em óleo de âmbar e um resíduo preto, o piche de âmbar. Pode eletrizar-se quando atritado contra um pano de lã (“elektron”). 


Apesar de o âmbar verdadeiro não ser encontrado no Brasil, resinas semelhantes podem aparecer junto de algumas árvores, em geral de cor amarelo ou dourado, eventualmente próximo do vermelho quando sob o sol. Essas resinas já foram encontradas no tronco de paus-ferro (Libidibia ferrea var. Leiostachya).  

Resina semelhante a âmbar.

Resina semelhante a âmbar em árvore de pau-ferro na APAE Parque Fernão Dias - Contagem (MG). 11/07/2024

Literatura de apoio: PÉRCIO DE MORAES BRANCO. Serviço Geológico do Brasil - Ministério de Minas e Energia. Âmbar: uma gema com registro de vida. Disponível em: https://www.sgb.gov.br/ambar-uma-gema-com-registro-de-vida. Acesso em: 26 fev. 2025. 

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