As plantas podem ser encontradas em quase toda a área terrestre Planeta Terra, desde as áreas mais geladas até as mais quentes, em diversos níveis de umidade. Em praticamente todos os ambientes, a cor verde faz parte da paisagem em algum grau, inclusive em áreas desérticas e polares. Tal “onipresença” é oriunda de adaptações anatômicas e fisiológicas moldadas por milênios de anos sob evolução biológica.
Na imensidão gelada da região polar, entre 60°N e pouco mais de 80°N de latitude, existe a Tundra, um tipo de vegetação temporária de baixo porte, formada por plantas herbáceas e arbustivas que surgem apenas durante o verão. Elas “morrem” e “renascem” todos os anos, conforme mudam as estações. Com o aquecimento do planeta causado pela emissão antrópica de gases do efeito estufa para a atmosfera, a tundra tende a avançar para cada vez mais perto dos polos (latitude 90°).
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Mapa dos principais biomas mundiais. Fonte: IBGE
Próximo da Tundra, em locais mais amenos, com verões um pouco mais longos e definidos e invernos menos inóspitos, já é possível encontrar grandes florestas de pinheiros que, embora tenham baixa diversidade, já pintam toda a paisagem de verde, mesmo durante o mais rigoroso inverno. Tais florestas são chamadas de Taiga ou Floresta Boreal e são encontradas em áreas próximas do paralelo 60°N - cobrem boa parte do Canadá e da Rússia.
Nos desertos, a riqueza e abundância de espécies é baixa, porém podem ser encontradas plantas específicas em parte dos biomas, como cactos e outras altamente xeromórficas. Muitas espécies da família Apocynaceae e Euphorbiaceae são adaptadas a suportarem elevada insolação e muito longos períodos de estiagem, até mesmo condições de chuva muito escassa e quase ausente pelos 365 dias do ano.
Basta um pouco mais de umidade para termos uma explosão de vida, que adapta-se às condições específicas de cada região. Áreas semi-áridas, como a Caatinga brasileira, já são bastante biodiversas e apresentam cobertura vegetal muito significativa, inclusive com formação de florestas de características xeromórficas. Mesmo que curto e fraco, o período chuvoso destas regiões permite a presença de água subterrânea e de plantas o ano inteiro – embora em parte dele elas estejam sem suas folhas.
Se a chuva vier com vontade em parte considerável do ano, como ocorre nas savanas, o domínio vegetal se acentua e podem aparecer hotspots de biodiversidade, áreas extremas do ponto de vista da quantidade de espécies por área. Isso acontece no Cerrado brasileiro, onde chove regularmente por 6 a 7 meses no ano, o suficiente para formar campos, savanas e florestas de diferentes densidades. Nos campos rupestres, um tipo de formação específica do cerrado, podem estar presentes uma das maiores densidades de espécies do planeta em pontos específicos.
O epicentro da biodiversidade acompanha o aumento da temperatura e da umidadee, por causa disso, a região mais equatorial da Terra – quente e úmida o ano inteiro – apresenta enorme abundância e riqueza de espécies, a ponto de áreas pequenas de uma floresta tropical terem mais espécies de seres vivos do que milhares de quilômetros de uma floresta de coníferas, por exemplo. A Amazônia brasileira se destaca nesse sentido e não é exagero entender a floresta como um “caos de vida e de complexidade biológica”.
Já as cidades, por causa do excesso de pavimentação, são ambientes pouco convidativos às plantas fora dos parques, praças, canteiros e jardins. Ainda assim, é muito fácil de encontrar vegetais por meio da arborização de ruas e junto ao cimento e pavimento, no mínimo de brecha onde se acumula algum substrato e matéria orgânica. Não raro, indivíduos arbóreos crescem nessas brechas e geram problemas estruturais, com destaque para árvores do gênero Ficus sp.
Não dá para ignorar o potencial de as plantas colonizarem ambientes altamente inóspitos e até virgens, por meio de um processo chamado de Sucessão Ecológica, e de crescerem desordenadamente onde não foram plantadas, como fazem as espécies ruderais. Este último ponto pode ser especialmente danoso no caso de introdução de espécies exóticas, como a leucena. Esta árvore, em especial, é problemática por extrapolar a característica que este artigo mais disserta: a reprodução e a capacidade de espalhar-se pelos ambientes.
Todas essas características são favorecidas pela fotossíntese. As plantas não precisam buscar alimento, elas o fazem por meio de um tipo de energia onipresente no planeta Terra, a luz do sol. Basta a presença de alguma quantidade de água e de gás carbônico para que produzam os açúcares (glicose) necessários no seu processo de respiração celular.
Produzem sementes que podem germinar a milhares de quilômetros de onde surgiram, caminho esse percorrido por meio de um animal, da água ou do vento. Não precisam “buscar” seu parceiro sexual - os insetos fazem isso por elas - e manipulam os animais, inclusive humanos, para que dispersem seus filhotes por meio de frutos carnosos, vistosos e saborosos.
Essas (e outras) características tornam o “Planeta Água” bastante verde por natureza. Os únicos pontos sem nenhum tipo de vegetação são os locais permanentemente congelados dos polos, como a maior parte da Groelândia e do continente Antártico, e parte do interior dos desertos. Nestes últimos, no entanto, um mínimo aumento de umidade e de precipitação já é suficiente para atrair algumas plantas e, onde atualmente o solo permanece congelado o ano inteiro (permafrost), há uma tendência de aumento das brechas para a colonização parcial de populações vegetais.