Outros nomes populares: urundeúva, aroeira-do-campo, aroeira-da-serra, urindeúva, arindeúva, aroeira-preta;
Sinonímia: Myracrodruon urundeuva;
Origem: Brasil, nas regiões Centro-oeste, sudeste e Nordeste, além de áreas isoladas a Norte e Leste da Região Sul. Tem especial frequência no Nordeste, além de áreas de Cerrado do Sudeste e sul do Centro-oeste ;
Família: Anacardiaceae;
Ecologia: espécie decídua, heliófita, tropical, muito rústica, amplamente distribuída pelo Brasil, em formações florestais densas, semideciduais e deciduais dentro dos domínios do Cerrado, da Mata Atlântica, da Caatinga e do Pantanal, tanto em terrenos secos e rochosos quanto em áreas fechadas, úmidas e chuvosas. É particularmente frequente nas áreas mais secas e ensolaradas do sertão nordestino. Em Minas Gerais, sua ocorrência é confirmada em trechos a norte da RMBH até o no norte do estado, no triângulo mineiro e no leste, como nos municípios de Aimorés e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Para este artigo, indivíduos em bosque quase exclusivo foram estudados no Parque Natural Municipal Dona Sinhá, em Governador Valadares.
Esta aroeira é conhecida por formar amplos e densos agrupamentos quase exclusivos denominados “Monodominância de Aroeiras”, devido a um processo de alelopatia, onde grande quantidade de metabólitos secundários nas folhas e outras partes da planta impedem a germinação de sementes de outras espécies arbóreas sobre o dossel de suas árvores. Com isso, apresenta potencial de formar povoamentos puros, grandes maciços, que parecem feitos intencionalmente. Geralmente, são formações recentes, compostas por indivíduos mais jovens e associadas a áreas exploradas e devastadas para pecuária, plantios agrícolas e histórico de utilização de fogo. No Parque Natural Municipal Dona Sinhá, em Governador Valadares, dão nome a uma trilha (“Trilha das aroeiras”), tamanha predominância.
Nesses ambientes alterados, germinam e crescem rapidamente como espécies oportunistas o que, junto com o efeito alelopático, favorece a rápida colonização e predominância em áreas degradadas. Espécies dos gêneros Setaria sp. (Capim-raposinha), Jacarandas sp. e Pouterias sp. foram identificadas como resistentes ao efeito inibitório dos componentes alelopáticos destas aroeiras. O autor deste artigo também encontrou, junto do bosque dessas aroeiras, Cybistax sp. (ipês-verdes) e primaveras (Bougainvillea glabra). Diante destas informações, vale considerar, no caso de trabalhos de restauração florestal onde há estas aroeiras, a necessidade de um manejo anterior por causa da alelopatia.
Além de ser apícola, fornece madeira de ótima qualidade, pesada e resistente, presente em diversas estruturas históricas, motivos pelos quais tem grande importância nas regiões Sudeste, Centro-oeste, além de outros países da América do Sul.
Porte: árvore de grande porte, com até 6 a 25 m de altura conforme a fertilidade do solo: em solos férteis das florestas semideciduais, tende a crescer mais que nas savanas brasileiras, como o Cerrado e a Caatinga. É sustentada por troncos descamantes, ásperos e pardos, de até 80 cm de diâmetro;
Folhagem: folhas verdes, alternas, compostas imparipinadas, com cerca de 10 folíolos opostos graúdos, coriáceos, discolores, marcados pela presença de indumento, aroma característico, margens denteadas e onduladas e nervuras evidentes em ambas as faces do limbo;
Floração: inflorescências em panículas terminais amareladas, formadas durante o inverno, com as folhas já ausentes;
Frutificação: aquênios secos, globosos, facilmente reconhecidos pelo cálice persistente em formato estrelado que circunda cada um, o que favorece uma efetiva dispersão pelo vento. São muito abundantes na planta durante a segunda metade do inverno, em conjuntos pendentes nos galhos secos, quando a árvore está sem folhas, o que foi observado no Parque Natural Municipal Dona Sinhá (Governador Valadares – MG). A maturação ocorre em seguida, no começo da primavera;
Cuidados: além do efeito alelopático, que pode ser indesejado em plantios, a espécie pode causar reações alérgicas em pessoas sensíveis;
Uso paisagístico: espécie adequada para arborização em geral, inclusive é muito recomendada para reflorestamentos mistos em áreas degradadas de APP.