Origem: Brasil (Minas Gerais);
Família: Fabaceae;
Ecologia: espécie tropical, terrícola, endêmica dos cerrados e das florestas estacionais da região central de Minas Gerais, nos domínios do Cerrado e da Mata Atlântica, especialmente na transição entre eles. Segundo relato de funcionários da Secretaria de Meio Ambiente de Esmeraldas, a espécie é encontrada em maior frequência próximo do rio Paraopeba.
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a ocorrência dessa rara árvore está confirmada em área rural a norte do centro da cidade de Esmeraldas, a noroeste de Belo Horizonte, a cerca de 50 km em linha reta do centro da capital, além de outros municípios, como Sete Lagoas, Lagoa Santa, Jaboticatubas, Matozinhos, Jequitibá, Paraopeba, Caetanópolis, Capim Branco, Felixlândia, Matheus Leme, Pequi, Prudente de Morais, Maravilhas, Inhaúma, Cachoeira da Prata, Fortuna de Minas, Onça de Pitangui, São José da Valginha, Pará de Minas, Florestal, Juatuba, Nova Serrana, Perdigão e Divinópolis:
A árvore é rara e ameaçada de extinção, motivo pelo qual, desde 2004, é protegida por lei – imunidade de corte e exploração (Decreto 43904) e pelo Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação do Faveiro-de-Wilson, parceria da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de Belo Horizonte com a Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento sustentável) e o IEF (Instituto Estadual de Florestas). O faveiro-da-mata (D. exaltata), de ocorrência mais frequente na Mata Atlântica e também em outros estados da região Sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro), encontra-se na mesma situação, e o faveiro-do-campo (D. Mollis) é um pouco mais comum e não está ameaçado de extinção:
O faveiro-de-wilson foi descoberto em 1968 por Wilson Nascimento, um auxiliar de campo (mateiro), em Paraopeba, e, em sua homenagem, a árvore recebeu seu nome (percebe-se tanto no nome popular quanto científico). De acordo com estudos, a abundância desta espécie tornou-se baixa devido ao deflorestamento causado pelo corte para produção de carvão, extração de lenha ou abertura de espaço para o gado e para as lavouras;
Até o ano de 2020, poucas centenas de indivíduos desta espécie foram identificados, o que é muito pouco diante da ocorrência muito restrita dela. Para sua proteção, é fundamental a participação de especialistas em universidades e outras instituições, órgãos públicos e a comunidade, como os ambientalistas e estudantes, mas especialmente os fazendeiros e trabalhadores rurais, já que os faveiros-de-wilson estão espalhados em áreas particulares de Reserva Legal nos municípios do centro de Minas Gerais;
Porte: árvore de até 20 m de altura e até 1,5 m de diâmetro do tronco, que é reto e revestido por casca suave (não cascuda):
Folhagem: folhas verdes, compostas bipinadas, formadas por 9 a 10 pares de pinas opostas, onde encontram-se folíolos elípticos pubescentes ou aveludados de ápice e base arredondados. Estes são sustentados por raque canaliculada, característica relevante para a identificação da espécie;
Floração: inflorescências apicais formadas por pequenos cachos de flores miúdas, em tons amarelados a creme, polinizadas por abelhas. Formam-se, preferencialmente, durante o verão, de forma concomitante com alguns frutos - poucos exemplares foram vistos durante o outono em Esmeraldas - MG;
Frutificação: vagens lenhosas, verdes a castanho-escuras quando maduras, alongadas, de cerca de 17 cm de comprimento, retas ou ligeiramente curvas, marcadas por um aroma adocicado, dispostas na extremidade dos ramos de forma apontada para o alto, o que é bem característico do gênero Dimorphandra sp. Vistos de longe, na árvore como um todo, os frutos têm uma disposição bastante característica, destacando-se para fora da copa. Suas sementes são alongadas, em tom marrom ligeiramente avermelhado.
Especialmente durante o período de estiagem - época de menor disponibilidade de alimentos – caem fechadas e maduras no chão e servem de alimento para vários animais, nativos ou não, como a anta, o veado, a paca, a cotia, a arara, o gado e o cavalo, que se encarregam de dispersar suas sementes;
Cuidados: espécie considerada raríssima (embora esforços para sua conservação e multiplicação estejam melhorando esse quadro). É muito importante priorizar sua conservação, por meio da identificação emergencial de seus indivíduos (com georreferenciamento), de forma a compor matrizes para futuras coleta e beneficiamento de sementes, produção de mudas e plantio em campo, inclusive Unidades de Conservação, onde têm maiores chances de sucesso;
Uso paisagístico: espécie adequada para áreas amplas de jardins, parques e praças, fornecedora de excelente sombreamento. Sua introdução em ambiente urbano é uma excelente alternativa de conservação ex situ da espécie.