Biologia da Paisagem

Alojamento do PES.

Parque Estadual do Sumidouro

Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral localizada nos municípios de Lagoa Santa e Pedro Leopoldo, ao norte da região metropolitana de Belo Horizonte e a cerca de 50 Km da capital. Desde o dia 03/01/1980, são 2004 ha de vegetação savânica e florestal preservados, dentro dos domínios do Cerrado e da Mata Atlântica, portanto em área de elevada biodiversidade, por se tratar de um ecótone.

Alojamento do PES.

Alojamento para pesquisadores do PES, em meio à vegetação do parque.

Na área, predominam a Savana Arbórea Densa, a Floresta Estacional Semi-decidual e a Floresta Estacional Decidual, esta última de caráter mais seco durante o inverno, todas associadas aos afloramentos de calcário da região. A flora é composta por diversas espécies de ambos os biomas citados, como ipê amarelo, angico, vinhático, aroeira, jatobá do campo, gabiroba, manjoba, mutamba, faveiro, espécies plenamente adaptadas a condições de tempo  tropicais, com verões chuvosos e invernos secos, neste último período a temperatura pode cair abaixo de 10ºC nas madrugadas e começos de manhã.

A fauna é representada por mico-estrela, raposa, tatu-galinha, tatu-peba, coelho, gambá, veado-catingueiro, gato-do-mato, lobo-guará, jibóia, cascavel, jararaca, codorna, garcinha, biguá, urubu, gavião, irerê, seriema, rolinha-pedrês, beija-flor, andorinha e o pica-pau-branco. Junto da fauna nativa, o parque, atualmente, sofre problemas com o gado e cavalos, que são bastante comuns ao longo da área próxima dos alojamentos de pesquisadores e da sede. Estes animais, além de causarem pisoteio excessivo em alguns pontos, podem trazer sementes de espécies exóticas para o interior da unidade, por meio de suas fezes.

Vegetação campestre do PES.

Vegetação campestre do PES com florestas ao fundo. O campo e utilizado como pastagem para bovinos e é coberto por água após períodos de muita chuva.

Florestas típicas do PES.

Florestas típicas do PES, formadas por árvores baixas e que formam dossel parcialmente fechado.

De acordo com o IEF, o relevo apresenta feições calcárias representadas por paredões, torres, verrugas, lapas, dolinas e uvalas, além de enorme quantidade de grutas e cavernas, onde há registros da memória cultural pré-histórica e histórica por meio de pinturas rupestres, com predominância de formas animais e geométricas. Muitos objetos antigos, utilizados pelas populações que ali viveram, já foram encontrados e foi nesta região que o famoso “Homem de Lagoa Santa” foi descoberto. 

Diante disso, o PES tem a missão de preservar mais do que o meio ambiente, mas a história da região de Lagoa Santa e a história da ocupação do estado de Minas Gerais. O objetivo da unidade é preservar o patrimônio cultural e natural existente na região da formação Carste e “promover a preservação ambiental e cultural, possibilitando atividades de pesquisa, conservação, educação ambiental e turismo.” (IEF, 2023)

Vegetação arbórea do PES.

Vegetação arbórea em terreno inconstante do PES.

Vegetação em recuperação.

Vegetação em recuperação da entrada do PES após queima prescrita. 28/11/2023.

O nome da unidade deriva de sua lagoa, que possui um ponto de drenagem das águas da bacia típica dos terrenos calcários,  uma abertura natural para uma rede de galerias, por meio da qual um curso d´água penetra no subsolo denominado “sumidouro”. Esta hidrografia cárstica é um dos destaques do parque.

O PES foi objeto de estudo do naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund na primeira metade do século XIX, inclusive com citações de Charles Darwin no livro “A Origem das Espécies”, de forma que está inserido no programa turístico Rota das Grutas Peter Lund.

Quanto à infraestrutura e aos atrativos turísticos, pode-se citar

  • Sede administrativa - aqui, há uma canoa (denominada “piroga”) de 2 toneladas e 14 m de comprimento, feita de madeira de vinhático, encontrada em agosto de 1997 nas margens do rio das Velhas;

  • Pinturas Rupestres;

  • Savassinha;

  • Gruta da Lapinha - uma das "Sete Maravilhas da Estrada Real";

  • Gruta da macumba;

  • Museu Peter Lund -  inaugurado no dia 21 de setembro de 2012, integra a Rota das Grutas Peter Lund e conta com diversos fósseis;

  • Abrigo Samambaia;

  • Trilha da Travessia:

    • Mirante do Cruzeiro;

    • Parada do vinhático;

    • Lagoa do Sumidouro - “some” em um lindo e imenso paredão calcário, adornado por curiosas pinturas rupestres, e atinge o sistema subterrâneo de águas;

    • Mirante do Sumidouro;

    • Gruta do Sumidouro (descobertas de Peter Lund).

    • Trilha do Sumidouro - Lapa do Sumidouro;


  • Casa Fernão Dias, na Estrada Real do Sumidouro (Quinta do Sumidouro) - marco da passagem do famoso bandeirante pela região, tombada pelo IEPHA / MG - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, em 1975;

  • Paineira centenária


O que é um CARSTE?

Conceito em evolução, tendo mudado diversas vezes desde a década de 1960. O carste é uma paisagem onde o intemperismo químico, através da dissolução da rocha encaixante (especialmente em calcário, dolomito, mármore e gesso), determina as formas de relevo. O nome provém de uma área no leste da Eslovênia, divisa com o norte da Itália, chamada "krs" e significa paisagem nua, pedregosa, sem água. Daí vieram os termos karst, carso e carste (utilizado no Brasil).

É constituído por depressões fechadas, drenagens descontínuas em superfície, rios que desaparecem, sumidouros, cavernas e sistemas de drenagens subterrâneas. Pode se manifestar na forma de depressões profundas, torres isoladas e colunas pontiagudas ou  planos suaves, recobertos com solo, apenas com delicadas depressões, ou seja, tem alta variabilidade.

As cavernas se caracterizam pelo confinamento espacial, ausência de iluminação solar direta e restrição na circulação de energia e massa, constituindo-se verdadeira singularidade geológica e biológica. 


Gruta da Lapinha

Um dos principais recursos e valores fundamentais do PES é a Gruta da Lapinha, de cerca de 630 m de comprimento e 21 m de desnível. Localizada próximo do Museu Peter Lund, possui galerias semimeandrantes, as quais interligam diversos salões. Entre os tipos de formações ou espeleotemas, destacam-se as estalactites, as estalagmites, os escorrimentos, sendo grandes responsáveis pela beleza interna da caverna e as cortinas, cuja posição nessa gruta permite uma magnífica visão de sua estruturação interna. A mais conhecida é denominada candelabro. Também há formações semelhantes a brócolis, véus de noiva, vestidos e outros objetos, conforme a imaginação de cada um. 


Esta gruta encontra-se aberta à visitação desde 1965, tendo recebido milhares de visitantes. Como é lar de grande quantidade de morcegos, é muito forte o cheiro do guano em seu interior e nas proximidades, material este importante para as teias alimentares do local, composta por besouros, aranhas, mariposas, entre outros animais. Apresenta significativa umidade e escorrimento de água ao longo do ano, que podem acumular na forma de pequenas poças em parte do ano. Apesar de se encontrar muito próxima a outras cavernas exploradas por Lund, não há comprovação de que este pesquisador tenha ali coletado. 

Entrada da Gruta da Lapinha.

Entrada da Gruta da Lapinha 04/05/2025

"Presépio".

Conjunto de formações conhecidas como "Presépio" - Gruta da Lapinha. 04/05/2025

Cortinas.

Enormes e magníficas formações de cortinas na Gruta da Lapinha. 04/05/2025

Literatura de apoio:


HARDT, Rubens; PINTO, Sérgio dos Anjos Ferreira. Carste Em Rochas Não Carbonáticas. 11 f. Tese (Doutorado) - Curso de Geociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro. Disponível em: http://lsie.unb.br/ugb/sinageo/7/0377.pdf. Acesso em: 22 dez. 2023.


HIGA, Cláudio. Cavernas e ca Disponível em: https://igc.usp.br/culturaextensao/2021/02/09/cavernas-e-carste-um-importante-patrimonio-natural-e-cultural/. Acesso em: 22 dez. 2021.rste: um importante patrimônio natural e cultural. 2021.

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