Biologia da Paisagem

Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha

O Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PARNA Noronha) é uma Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral localizada no município de Fernando de Noronha, no estado de Pernambuco, completamente inserido no Oceano Atlântico, a cerca de 370 km em linha reta de Natal (RN), a capital estadual brasileira mais próxima da UC. Desde 1988, ano de sua criação, são 1.142 hectares de vegetação savânica a florestal decidual preservados (cerca de 10,1% da área do parque), dentro do domínio da Mata Atlântica, além de outros 9.794 ha de área marinha (89,9% da área). 

Trata-se de um arquipélago, formado por uma grande ilha principal e dezenas de ilhas secundárias em seu entorno. A maior delas é a Ilha Rata, localizada em um dos extremos do arquipélago, que é dotada de vegetação florestal e processos ecológicos independentes, seguida da Ilha do Meio, Ilha Sela Gineta, Ilha Rasa e Ilha Morro São José. Há, também, a Ilha do Frade, vista da praia do Atalaia, Ilha dos 30 Reis e Ilha dos Ovos, vistas da Enseada dos Abreus, Ilha Cabeluda, visível da Praia do Sueste, Ilhas Morro do Leão e Morro da Viúva, ambas juntas da praia do Leão, o Morro dos Dois Irmãos, na Baía dos Porcos, além da Ilha da Conceição, todas localizadas dentro do PARNA Noronha. Há, ainda, diversas pequenas ilhotas e afloramentos de rochas ao longo de todo o perímetro da ilha principal.

Enseada dos Abreus, onde há piscinas naturais para observação da fauna aquática:

Atalaia, piscina natural que forma um verdadeiro berçário da vida marinha, com espécies filhotes de diversos organismos que vivem ou passam pela ilha:

Praia do Sancho, dentro do PARNA Noronha, eleita 2 vezes a praia mais bonita do mundo:

Praia do Sueste.

Detalhe da praia do Sueste, com diversas algas marinhas espalhadas pela areia, em meados de maio de 2018.

Contíguo ao PARNA Noronha, está a Área de Proteção Ambiental (APA) de mesmo nome, que abrange parte considerável da ilha principal do arquipélago, inclusive a área urbana e parte da costa da ilha, como a praia do Cachorro, do meio, da conceição, do Boldró, Cacimba do Padre, dentre outras. É na APA que estão localizados todos os equipamentos públicos e privados, do local, como pousadas, restaurantes, hospital, supermercados, academias, lojas, aeroporto, porto, repartições públicas, escritórios, entre outros.

É um parque predominantemente aquático, que visa conservar a paisagem exuberante e as espécies da costa marinha que vivem no local (um dos pontos oceânicos mais biodiversos do mundo), como crustáceos (aratus e lagostas), golfinhos rotadores, tubarões (martelo, limão, tigre, entre outros), arraias, linguados e outros peixes (como o sargentinho), tartarugas, moreias, algas, corais, esponjas, polvos, serpentes do mar etc.

A vegetação apresenta elevada sazonalidade em função do clima tropical, ensolarado, quente e abafado o ano inteiro, com chuvas concentradas no 1º semestre do ano (verão e outono) - cerca de 1400 mm anuais. A temperatura praticamente não varia, em virtude de sua altíssima maritimidade e baixíssima latitude (3°S) e costuma oscilar entre 24 e 30°C ao longo do ano. No período de estiagem, adquire aspecto altamente amarronzado em função da elevada deciduidade das árvores.

Vegetação seca na Enseada dos Abreus.

Vegetação herbácea ainda seca em meados de fevereiro na Enseada dos Abreus.

Ilhas secundárias.

Morro São José e demais ilhas secundárias, localizadas no extremo norte do arquipélago. Foto em 01/05/2018.

A partir do mirante do Boldró, área dentro da APA, é possível ter uma visão panorâmica da parte leste da ilha, voltada para o Oceano Atlântico, que encontra com a África, a cerca de 2500 km dali:

Oceano Atlântico e Morro dos Dois Irmãos.

Vista panorâmica do oceano Atlântico que banha a ilha, com o Morro dos dois Irmãos ao fundo. Foto em 17/05/2018.

Quanto à fauna terrestre, há anfíbios (sapos e pererecas) roedores (catitas, ratos, mocós e camundongos), répteis (teiú, mabuia), aves (sibites, arribaçãs, pardais, pombos), entre outros animais.

Destaque para as aves marinhas, como as fragatas e os atobás, que circulam pelo arquipélago e nidificam em algumas ilhas secundárias que circundam a ilha principal, como a Ilha dos Ovos. Digno de menção, também, é a mabuia, um réptil endêmico da ilha e muito comum por toda parte. Não raro, se aproxima e entra na mochila de turistas para procurar alimento.

Infelizmente, há espécies exóticas e invasoras na UC, como as leucenas, que formam bosques entre a vegetação nativa. Existe, também, quantidade expressiva de animais domésticos, principalmente os gatos, que trazem grande problema para a fauna silvestre do PARNA Noronha, como os ovos das aves.

Vegetação seca do PARNA Noronha.

Detalhe da vegetação seca do PARNA Noronha, em 14/02/2015.

Ilhas secundárias do PARNA Noronha.

Algumas das ilhas secundárias do PARNA Noronha. Detalhe para a incrível cor azul do Oceano Atlântico que banha a ilha. Foto em 14/02/2015.

O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.
Objetivo do PARNA Noronha - Plano de Manejo

Lixo oceânico

Um dos desafios para a gestão do ICMBio no PARNA Noronha é a constante presença de material plástico triturado que chega nas praias do PARNA Noronha, vindo de diversas regiões do planeta. Como trata-se de algo que foge ao controle dos gestores locais, o problema pode tornar-se uma ferramenta de educação ambiental - não local, mas mundial, uma vez que o lixo vem de todos os países.

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